21.9.18

aterrei. por vezes quando falam do meu signo aparece a famosa característica: “medo de mudança”. eu não tenho medo de mudar. eu tenho medo de perder. e durante muito tempo recusei-me mentalmente a aterrar. quis continuar. vivia de saudades. escrevia uma nostalgia que me habitava e sentia mas que não se retrava na realidade. eu não vivia assim. eu estava feliz. estava mudada. só me recusava a aceitar. era barragem de um rio onde não permitia que corresse água. é difícil para mim deixar-me partir da pessoa que já não sou. a vergonha. o medo de desiludir. a insegurança. ficar num lugar seguro, em terra firme, lugares conhecidos. eu sei que sou missionária. mas sê-lo exige sempre que me desloque, que vá ao extremo de mim. ser missionária é a maior loucura. aterrar era o último passo. aterrar como sinónimo de deixar-me fluir com a vida, deixar-me fluir pelo deserto, deixar-me encontrar pelo caminho, pelas pessoas. deixar-me mudar. deixar-me tocar. deixar-me ser. deixar-me dançar. deixar-me cantar. deixar-me ser silêncio. deixar-me simplesmente ser, sem julgamentos. somos os nossos piores críticos. eu há muito que caminho sem me criticar. nestes últimos dias caminho sem me ser barragem, sem me boicotar, sem me impedir de crescer ou evoluir pela vida e pelo mundo que me rodeia. deixar fluir e sobretudo deixar fluir-me. sou mais feliz agora. é sempre difícil chegar aonde nos esperam mas quando tomamos a decisão de nos entregar e deixar fluir a vida, deixar-nos fluir a vida parece ganhar mais cor e até o nosso sorriso parece ter mais volume.

1 comentário:

  1. "somos os nossos piores críticos".
    Orgulho-me de ti. És caminho de esperança para mim.

    Sigo-te amiga, contemplo-te a ti e às tuas cores.

    ResponderEliminar

Não te contenhas nas palavras. Valorizarei cada uma de forma especial. (: