3.8.18

sinto saudades da minha solidão. no caminho que tenho feito aqui tenho descoberto o quanto de mim é introversão e o quanto necessito da introversão para ser eu, para me sentir completo. no perú sou feliz essencialmente por tudo o que me ensina sobre mim. e, muito mais, por me ensinar o que não quero ser e como quero ser. estou cada vez mais sem paciência. quero cada vez mais liberdade. estou cada vez menos com vontade de ir a assembleias ou a conferências que não levam a lado nenhum. sou cada vez menos a pessoa que faz parte de um grupo. deixei de acreditar em grupos que nos contraem. estar no perú dá-me vontade de sair de todos os grupos e de todos os sítios que contraem. estar aqui dá-me vontade de deixar de me rodear de todas as pessoas que me contraem. deu-me, até agora, uma noção mais exata do quão finita pode ser a vida e do quanto tempo quero eu mesmo investir em coisas e pessoas que me diminuem, que não terminam de encaixar comigo, de quem poderei ser parente afastada mas não parente da família. deixei de querer muitas coisas. a maior parte delas maturo no meu coração sem dizer em voz alta. quero sonhar cada vez mais alto, mais a azul forte e mais com todas as cores do arco-iris e as que ainda forem inventar. quero sonhar cada vais mais. e não quero ninguém a meu lado a mostrar-me que não sou livre o suficiente para isso. quero a liberdade de ser. quero a liberdade de agir. quero deixar de ouvir para fazer x, y e z. porque talvez eu não queira fazer x,y e z. e no seu momento vou dizê-lo. quero ser. simplesmente ser. quero correr. quero amar. quero liberdade não só para mim mas para todas as pessoas do mundo. quero igualdade e justiça. não me cansei de caminhar. apenas descobri que não é este o caminho que quero traçar. apenas descobri que não é por aqui. eu sou da liberdade. e a liberdade de amar não cabe na medida do amor de onde estou. não cabe é pequena demais. e não sei se quero caminhar num caminho tão restrito quando há um mundo tão grande lá fora com tantas opções. não sei se quero fazer e ser parte de dentro quando quem está dentro não sonha como eu nem me aceita tão livre como sou. talvez neste momento vos pareça muito direta e revoltada. com o caminhar a revolta acalma assim que a maré vazar. mas não as ideias. a areia que foi não volta. agora sou esta. não outra. e eu sempre tive necessidade de dentro de mim de separar realidades a da igreja e da vida. talvez porque desconfiasse que a igreja não iria aceitar quem sou na totalidade com os meus valores e sonhos. e se não aceita porque hei-de eu lutar para caber num sitio? porquê? quando o mundo lá fora é tão grande e caibo perfeitamente. perfeitamente. deixei de querer ser duas. sou uma. livre. deixei de querer a pertencer a lugar algum que não a mim. deixei de querer ser amada por outra pessoa que não eu em primeiro. deixei de querer cuidar, respeitar e preocupar-me com outra pessoa senão o faço comigo primeiro. quero-me a mim primeiro. com tudo o que sou. com tudo o que acredito. porque se é amor. porque se for amor não terei de me ajustar para caber perfeitamente.

3 comentários:

  1. Apetece-me abraçar-te, depous deste post. És sempre tão transparente e eu admiro isso. Muito. Querida Paula, abraço-te grata pelas palavras que me dirigiste nos comentários ao post anterior e abraço-te para te dar conforto por este post. Apoio-te nessa intenção de quereres ser mais tu e de quereres amar-te mais. És incrível!
    Estou aqui.
    Joana

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  2. Na liberdade de seres amor, és tu própria. Aquela que a Deus ama e que se quer manter próxima dele.
    Que em lugar algum sintas que aquilo que és não vale. Vale porque és tu.
    Cada coisa a seu tempo. Porque, tu sabes, os tempos de Deus não são iguais aos nossos.

    Estamos juntas. Não estás só. Nunca só.

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  3. preciso de ler-te. ler-te é ler Deus.

    Joana

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Não te contenhas nas palavras. Valorizarei cada uma de forma especial. (: